sábado, 8 de janeiro de 2011

Em tempos de aguaceiro, aproveite quando a maré encher!

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Depois de todas as festas... desejos para um mundo melhor... correntes de oração, 7 ondas, churrasquim, funk, uvas, av. paulista, lentilhas, bombas bantons, mojitos, panetones e promessas afins... cá estamos nós traves!

O tal de 2011 começou gente... um turbilhão... em minhas pacatas férias na cidade que nunca dorme, estou sendo brindado com a chuvarada do mês de janeiro, interessante que mesmo com o ano novinho em folha parece que pouca coisa mudou!
Até as pautas jornalísticas parecem serem as mesmas dos anos anteriores... "chuvas torrencias seguidas de desabamentos, mortes, ausência de políticas públicas e descaso com a população por parte dos governos municipal e estadual". Até parece piada pronta, Macaco Simão!? ...
"oooo sempre mais do mesmo!" deve estar gritando Renato Russo.

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Mais assim, para além dessas questões, meu primerio post de 2011, vem com outras indagações... (rimou?!? segue a rima então...)

O bairro em que passo minhas férias em Berno City, no qual ainda mora minha família, pode ser caracterizado como um conglomerado de bairros perifericos, tudo junto e misturado, sim uma junção de vários bairros populares bem típico do subúrbio paulista: aqui vemos de tudo, de coisas boas a ruins, tudo salta aos olhos até para os mais desatentos... é uma vida que se aproxima muito daquela letra da Nação Zumbi - Quando a Maré encher (composição de Fábio Trummer/Roger Man/Bernardo Chopinho) ...

"
É pedra que apóia a tábua, madeira que apóia a telha
Saco plástico, prego, papelão
Amarra corda, cava buraco
Barraco: moradia popular em propagação
Cachorro, gato, galinha, bicho de pé
E a população real convive em harmonia normal
Faz parte do dia a dia, banheiro, cama, cozinha no chão
Esperança, fé em Deus, ilusão..."



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E nesses dias "andando por entre becos e coletivos" da minha quebrada me deparo com uma cena que ficou registrada como um filme em minha cabeça:

Uma senhora conhecida aqui da localidade (em bairros assim todos se conhecem!) com seus já 75 anos puxava uma carroça grande, dessas feitas para carregar ferro velho, plástico e tudo mais que possa ser trocado ou usado. A carroça estava lotada de muitas dessas coisas que se encontram pelas ruas, num português ecologicamente correto "a reciclagem"!
Ao seu lado vinha sua neta de uns 12 anos puxando outra carroça grande tanto quanto em direção à sua casa. Uns metros mais atrás a filha da senhora, mãe da neta, descansava ao lado da sua carroça também, pra depois seguir na mesma direção.

Fiquei pensando cá com os meus botões nas gerações ali presentes: filha que um dia foi mãe e que agora já é avô, filha que um dia foi filha e agora é mãe, filha que ainda é filha e também neta e que um dia poderá ser mãe e avô... Todas marcadas pelas mesmas questões... um ciclo perverso de continuísmo... como um rio que corre seguindo a mesma direção...

Fui andando para o meu destino com uma questão fixa na cabeça: como alterar esse ciclo?!?!
Como romper com ele dando novos contornos para a realidade posta em nosso cotidiano... ??!?!?!?

Eis a pergunta que não quer calar...


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Mas tarde entre diálogos com os amigos que tiveram como tema esse fato, fiquei sabendo que a avô trabalha há bastante tempo como catadora...
A mãe tem mais 8 filhos e está grávida do próximo, e aquela não era sua filha, mas sobrinha...
E que a menina tinha deixado a escola para ajudar a avô com a "reciclagem!"....

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Do dia: "Tomar banho de canal quando a maré encher..."

8?

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