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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

E qual é o "x" da questão: Natal pra que te quero?!

Depois de quase um ano sem dar às caras por aqui, resolvi postar uma reflexão sobre o natal. A inspiração nasceu depois da comilança da ceia e da enxurradas de felicitaciones partilhadas aqui e acolá. Não sou contra momentos festivos e acredito que muitas pessoas realmente adotam a data para uma reflexão espiritual sobre a vida e suas ações e planejam que elas tenham de fato efeito ao longo dos outros dias do ano.
Não vou falar aqui sobre a utilidade da data para a mola da economia, essa impulsividade para a compra, a urgência em presentar as pessoas próximas (ou nem tanto assim), comprar, comprar, comprar e a necessidade de estar bem vestido, bonito e sempre feliz.
Também minha reflexão não pretende discutir o voluntariado que aflora nesses dias, às ações que ironicamente presenteiam as crianças das favelas e os moradores de rua para daqui há alguns dias os expulsarem das praias ou de qualquer outro lugar em que eles incomodem pela simples presença. Meu texto não pretende tratar dessa esquizofrenia hipócrita nossa de todos os dias.
O objetivo também não é falar do processo de subjetivação que nos apresentam desde criança a figura de um senhor de barba, vestido com uma roupa pesada vermelha, andando num treno sobre a neve, entrando pelas chaminés das lareiras em noites com neve e frio.  Por sorte a gente não se engana mais com essas representações e nem as reproduzimos (ou sim?!?). Até porque, com todo esse calor de dezembro..., puts, nossos problemas são mesmo com as chuvas torrenciais... E aí, por acaso esse tal velhinho anda de barco?!?
Também não gostaria de falar sobre a data em si: 25 de dezembro. Sabemos que este dia, entre outras coisas, era destinado à comemoração do nascimento anual do deus Sol no solstício de inverno, que passa a ser adaptado a partir do século três d.C. pela igreja católica como uma forma de atrair os povos “pagãos” dominados pelo Império Romano às novas formas de adoração. Foi desde então que a data passou a representar o nascimento de uma outra figura importante, Jesus. Deixando de ser uma data “pagã” para ser “sacra”. Se bem que hoje já nem discutimos o que representou incorporar tal dia no calendário cristão para a igreja católica no sentido de propagação dessa religiosidade. Funcionou?! Então está valendo.
E tampouco nos preocupam os dados geográficos e meteorológicos que afirmam que o mês judaico de Kislev (correspondente ao final de novembro até meados de dezembro no nosso calendário) é um período frio e chuvoso na possível localidade do nascimento de Jesus. É difícil pensar que num período assim teríamos a presença dos “pastores nos campos cuidando das ovelhas” ou mesmo a longa jornada dos “reis magos” guiados por uma estrela no céu, carregados com presentes.
...
Enfim, meu texto não é sobre as coisas que já sabemos. Toda essa divagação parte e termina numa questão: Por que ainda continuamos coletivamente reproduzindo o natal e suas representações sem ao menos nos perguntar por suas origens ou significados? Por que essa “verdade” tanto nos satisfaz? Esta aí o "x" da questão...

Talvez algo nisso tudo me pareça verdadeiro: a vontade que temos em (com)partilhar coisas boas com os que estão a nossa volta! E se assim o for, parafraseando um amigo, “aproveito para deixar o meu desejo de uma sociedade mais consciente, mais igualitária”, mais livre e que estes sentimentos que hoje muitos professam possam “ser presentes nos outros 364 dias do ano”!

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Do dia: "Pipoco no céu, nem sempre é festa"

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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Notícias de Corredor - parte 6


Já faz alguns dias que não publico notícias da vida deste lado da internação, hoje completando 23 dias.

Desde o último post algumas coisas mudaram: agora tenho uma vaga num leito e uma cama ao invés de uma maca, assim divido o quarto com mais três outros antigos companheiros de corredor ao invés de com todos os pacientes que entravam na emergência do hospital. Resultado das imagens vinculadas na tv?!? Quem sabe...
Pena que as mudanças acabam por aí.




Posso dizer que depois de acionar todos os órgãos responsáveis pela fiscalização da saúde aqui no estado de Santa Catarina (Secretarias de Saúde, Ouvidorias do estado, Ministério Público, Defensoria Pública, entre outros) não obtive nenhuma resposta mais enfática sobre a situação que eu e boa parte dos pacientes enfrentamos aqui no Hospital Celso Ramos.

O MP aliás foi o único órgão que, até o momento, me contatou em resposta. Por telefone a procuradora responsável pelo caso disse que junto com o meu haviam dezenas de outros pedidos de intervenção e que em tempo hábil todos seriam encaminhados para a Secretaria de Saúde para providências.

E o “tempo hábil” qual é?

Nesses momentos é como se a areia da ampulheta não fosse a mesma para medir o passar das horas e aí temos o tempo do judiciário, o tempo dos políticos, o tempo da efetivação das políticas públicas, o tempo das instituições, o tempo de espera pelos serviços públicos básicos, o tempo do... o tempo... tempo.

E claro, essa infinidade de tempos ainda estão condicionados à variação imposta pela condição social do sujeito e as formas que ele dispõe para acessar os mesmos serviços. É tanto assim que aqui nos corredores muitos dos pacientes interpretam toda a situação como algo normal, em que a única solução que se tem é agradecer o atendimento e esperar que ele ocorra no tempo que virá, e que este pode ser o tempo de “quando-deus-quiser” ou “quando-o-doutor-achar-que-tem-que-ser”, enfim um tempo qualquer.



Não interprete meu relato como sendo de todo pessimista, isso não é verdade! Até porque nesses mesmos corredores vi situações de superação, de luta por melhores condições de trabalho, por defesa dos direitos universais preconizados pelo SUS e muita indignação diante da espera e do não!
E essa insatisfação está em toda parte seja partindo dos usuários da política como por parte dos técnicos. Muitas vezes o que precisa ser explicitado são os caminhos para canalizar tais forças dispersas, e aqui poderíamos estender nossas reflexões para como construir esses canais e aglutinar essas reclamações potencializando-as em ações efetivas para a alteração daquilo que está posto, mas vou ficando por aqui...

Antes gostaria apenas de comentar a foto que acompanha esta publicação. Ela foi tirada na única sala de gesso que existe aqui no Hospital Celso Ramos. Em outras palavras, essa é a sala de gesso do hospital referência do estado, um local insalubre, com pouca ventilação e que ainda deve atender todos os casos do hospital... 


Vamos falar em qualidade de serviço e humanização no atendimento?!
Pois é, explicar o porquê a gente até consegue, agora aceitar a situação é que são elas...  




A história, afinal de contas, somos nós mesmos
e o que nossas parcas virtudes
 puderem fazer de nossos destinos incertos.
Nossa responsabilidade é intransferível.
Melhor elaborarmos bem nossas convicções.
Luis Eduardo Soares


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Afinal é sexta a noite!

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu..."


Posso dizer que hoje foi um dia daqueles... muitos acontecimentos e no fim a vontade que resta é correr pra perto dos amigos e amores e esquecer do turbilhão que às vezes é a vida!


Este espaço é um local bacana pra se desabafar... ele não retruca!
Os comentários que surgem, quando surgem, quase sempre são motivadores... além disso a tela em branco aceita tudo, ou quase!

Não sou adepto das lamentações... a vida também é mais que isso!
Mas hoje é aquele dia em que poderia ter sido pulado na minha contagem, vendo assim no repente acredito que ele não fará falta. Se bem que dentro de todo desespero existe uma alívio iminente, ou nas palavras da Fernanda Takai, "as brigas que ganhei nem um troféu pra casa eu levei, as brigas que perdi essas sim eu nunca esqueci!"



Enfim, amanhã vamos estar melhor...ou ao menos de porre! heheh
Afinal hoje ainda é sexta a noite!




8/





terça-feira, 10 de julho de 2012

Que tal nos rebelarmos?!?

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Já dizia um velho e sábio barbudo que a revolução socialista ocorreria pelas mãos de uma determinada classe... 
Não daquela detentora dos meios de produção, donas do capital e que ao longo do tempo e em condições específicas se apropriaram dos meios de produção, centralizando em suas mãos diversos mecanismo de poder, todos empenhados em manter a ordem das relações sociais, muitas vezes entendidas, inclusive, como naturais...
Não foram a esses que ele atribuiu os mecanismos para a realização da tão sonhada revolução.

Você já deve ter ouvido essa história, certamente também deve ter presenciado diversas vezes a contradição que emana dessa relação conflituosa que está latente em nossa sociedade. Esta mesma relação social que o saudoso velhinho buscou explicitar com tanta veemência enquanto vivia. 
Agora mesmo que nunca tenha percebido, ou ouvido falar dela, com certeza ela faz parte de sua vida... E você, estimado leitor, tem uma atuação cotidiana sobre ela, seja de um modo ou de outro, para perpetuá-la ou superá-la!

Engraçado que com o passar do tempo e com tantas versões da mesma história, é fácil tomá-la como uma anedota... ou achar que não passa de uma estória qualquer... 
Ledo engano!

Claro que falar em classes hoje tendo como parâmetros aqueles moldes tradicionais, soa meio estranho!
Olhar para a sociedade na qual vivemos e tentar identificar a estratificação oriunda da divisão social não é tão fácil como foi em tempos de outrora, mas elas estão lá... misturadas, diversificadas, mas presentes! 
Talvez não com o mesmo poder revolucionário que lhes fora conferido, mas estão todos lá... obreiros, operários, trabalhadores do campo, donos de terras, empresários, microempreendedores, trabalhadores sem trabalho, latifundiários, subempregados, assalariados, coronéis, expropriados, "vivendo do suor do seu labor", "rouba, mas faz", banqueiros, e até os que "comem o pão que o diabo amassou", estão todos lá... na vida real!
Alguns deles, muitos deles, a maioria deles, como sempre, dando mais do que recebem, seja no campo ou na cidade, para sustentar a "enferrujada engrenagem".

E não pense que nossa odisseia ao chegar no século XXI tornaram esses que vendem sua força-de-trabalho dispensáveis... 
Nossa sociedade ainda é alimentada pelos trabalhadores, eles, nós e vós constituem ainda a principal força produtiva, mesmo nos ramos mais avançados da indústria ou do campo, mesmo onde o nível técnico exija contratações de operários mais especializados, lá estão!

Pois é, mas quem guarda os portões da fábrica? 
E o nosso dia vai mesmo chegar? 
Será que o que queremos é apenas um trabalho honesto em vez de escravidão? 

Acredito que precisamos de mais perguntas, indagações, indignações com uma boa pitada de inconformação...
Terreno fértil para isso temos, mas o que nos falta então?!?!?

De uma coisa sei: o amanhã não vem pronto, nem determinado pelo cosmos ou por quaisquer outras coisas! 
O amanhã é gestado no cotidiano! 
E "sabe-se que na América e no mundo a revolução vencerá, mas não é próprio de revolucionários sentar-se à porta da sua casa para ver passar o cadáver do imperialismo."    (Declaração de Havana - 1962).  Até porque, como bravejava nosso querido comandante, "o dever de todo revolucionário é fazer a revolução".

Que tal nos rebelarmos?!?

Essa também é uma possibilidade... pense nisso!
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ps. Acabei dando voz a esses devaneios, meio que no repente, depois de assistir ao vídeo que posto aqui da música A fábrica da banda Legião Urbana ilustrado com cenas do filme Tempos Modernos do mestre Chaplin encontrado nessas andanças pelo youtube.




Hasta pronto!


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domingo, 8 de julho de 2012

O alvo pode não ser o objetivo


"Quem acerta o alvo erra todo o resto."

Danilo Kis - romancista sérvio


Depois de ler essa frase fiquei assim, matutando... 
Taí, às vezes o alvo não é o objetivo!
E não acertá-lo certamente abrirão outras possibilidades...


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Enquanto isso vamo de Manu Chao pra animar a domingueira...


8]

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O segredo da vida

Não se preocupe, tudo vira bosta!

tudo, tudinhoo!



"ninguém vai escapar do pó..."

enquanto isso... caminhemos!

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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Curta um Curta

Pra relaxar um curta bacaninha!

Eu não quero voltar sozinho.



Otema semana pros navegantes...

8]

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão

"
Eu quero a sina de um artista de cinema
Eu quero a cena onde eu possa brilhar
Um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo
Um beijo imenso, onde eu possa me afogar
Eu quero ser o matador das cinco estrelas
Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão
A Patativa do Norte, eu quero a sorte
Eu quero a sorte de um chofer de caminhão
Pra me danar por essa estrada, mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar...
"



As time goes by...


8]

quinta-feira, 22 de março de 2012

Imperialismo nosso de cada dia!

"Há um tempo atrás se falava em progresso
Há um tempo atrás eu via televisão!" (Nação Zumbi)

É incrível como algumas coisas persistem com o tempo... digo isso a exemplo do texto que posto hoje!
Publicado inicialmente em 1961 na forma de panfleto, tinha como objetivo desmentir a mídia falaciosa e seus aliados que propagavam aos quatro ventos a soberania nacional dizendo que o Brasil estava longe dos domínios imperialistas... 
Pois bem, 51 anos depois não raro ouvimos da mesma mídia o mesmo discurso falacioso... 
Com pouquíssimas  alterações, talvez no nome das empresas apenas,  (!!!) parece que acabou de ser escrito!

Enquanto isso... o imperialismo pega um pega geral!

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Um dia na vida de Brasilino 

Por Paulo Guilherme Martins 


"Não existe imperialismo no Brasil."

Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa



"Essa história de imperialismo não passa de invenção de falsos nacionalistas que pretendem impedir o progresso da nação."

De O Estado de São Paulo



Não sei se você conhece o Brasilino!? Mas isso não importa…



Brasilino — é um homem qualquer, que mora num apartamento qualquer, numa cidade qualquer… Situemo-lo em Santos, por exemplo.



Brasilino, como todo o bom burguês, começa o dia acordando; sim, porque o operário, este, levanta-se ainda dormindo a fim de chegar a tempo ao serviço.



Brasilino acorda e aperta o botão da campainha à cabeceira da cama, campainha essa que soa na copa; porém soa, consumindo energia — energia que é da Light, e, assim, o Brasilino inicia o seu dia pagando dividendos ao Capital Estrangeiro. Mas Brasilino não pensa nisso e começa o seu dia, feliz!



Abre-se a porta. É Marta, a criada, que entra com o café da manhã: café, leite, pão, manteiga, um pouco de geléia e o jornal — “O Estado de São Paulo”. — Brasilino, como todo o bom burguês, lê somente a boa imprensa — a chamada sadia. 



Enquanto lê as notícias, toma a sua primeira refeição. Brasilino não sabe que o leite, que bebe, é originário de uma vaca que foi alimentada com farelo Refinazil, da “Refinações de Milho do Brazil” (Brasil com Z), que é americana, e que a farinha com a qual foi feito o pão é originária do “Moinho Santista”, que não é santista e sim inglês. Assim, para tomar o seu café da manhã, Brasilino tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro. Mas, Brasilino nem sabe disso… e toma o seu café, bem feliz!



Terminado o café, Brasilino acende o seu primeiro cigarro: Minister, ou Hollywood, um desses da “Cia. Souza Cruz”, que não é do Sr. Souza e muito menos do Sr. Cruz, mas, sim, da “British, American Tobacco Co.”, o trust anglo-americano do fumo. E assim, para fumar seu cigarrinho, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro. Mas Brasilino nem pensa nisso e saboreia seu cigarrinho, feliz… feliz…



Em seguida, Brasilino vai ao quarto de banho, fazer a sua toilette: acende o aquecedor de gás — gás que é da City e, portanto, do grupo Light, e, enquanto a água aquece, toma da escova de dentes, marca “Tek”, da “Johnson & Johnson do Brasil” (que é americana), e da pasta dentifrícia “Kolynos”, com clorofila, da “Whitehall Laboratories of New York” e, assim, para escovar os dentes, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro. ..



Mas Brasilino nem pensa nisso…



Brasilino não sabe bem o que é clorofila e está certo de que, quando entrou na farmácia e escolheu essa pasta, o fez livremente; ignora que sua vontade foi condicionada pelas custosas campanhas de promoção de vendas, feitas através da imprensa, do rádio e da televisão e que, da mesma forma como ele escolhe sua pasta de dentes, escolhe, também, o seu candidato à Presidência da República.



Em seguida, Brasilino vai fazer a barba: toma do pincel, feito com fios de Nylon, da “Rhodia” — que é francesa — enche-o com creme de barbear “Williams”, que é americano. Ensaboado o rosto, Brasilino toma seu aparelho “Gillette”, munido com lâminas “Gillette”, ambos da “Gillette Safety Razor do Brazil”, e, feliz, vai raspando a face, pois nem pensa que, para fazer sua barba, tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro. ..



Terminada a barba, Brasilino entra no banheiro, envolvendo o corpo com a espuma acariciadora de um desses sabonetes, “Lever” ou “Palmolive”, um desses cuja espuma acaricia o corpo de 9, entre 10 estrelas de Hollywood. E assim, até para tomar seu banho, Brasilino tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro.



Após o banho, Brasilino enxuga-se com uma toalha felpuda da “Fiação da Lapa”, que também não é da Lapa porque é Suíça e, a seguir, passa pelo corpo talco “Johnson”, da “Johnson & Johnson do Brasil”.



E… começa a vestir-se.



Acontece, então, uma tragédia! Cai um botão da camisa do Brasilino. Ele toca novamente a campainha, e Marta corre a socorrer o nosso herói, munindo-se de agulha e linha. Dentro de poucos instantes, ao ver Marta cortar a linha com os dentes, depois de preso o botão, Brasilino sente-se novamente feliz. Feliz porque ele não sabe que Marta, a criada, para pregar o botão, usou a linha marca “Corrente” da “Cia. Brasileira de Linhas para Coser”, que é inglesa e que, até para pregar um botão, Brasilino tem de pagar dividendos ao Capital Estrangeiro.



Já vestido, Brasilino despede-se de Marta, avisando que não virá almoçar nem jantar, pois irá a São Paulo, a negócios… — Sai, bate a porta, toma o elevador, que é “Schindler”, da “Schindler do Brasil”, que é suíça, e movido por força fornecida pela Light, chega ao pavimento térreo. Dá bom dia ao zelador e toma o seu automóvel “Volkswagen”, fabricado pela “Volkswagen do Brasil”, que é alemã, rodando sobre pneus “Firestone”, da “Firestone do Brasil”, que é americana, acionado por gasolina refinada pela “Petrobrás”, mas distribuída pela “Esso Standard do Brasil”, que é americana. Até para usar a gasolina, refinada pela Petrobrás, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro! Ele não sabe que os brasileiros têm capacidade para refinar o petróleo e produzir a gasolina, mas não a têm para a “difícil” tarefa de distribuí-la e que, para esse serviço — a simples distribuição — as companhias distribuidoras (Esso-Shell- Gulf-Texaco etc.) ganham muito mais que a Petrobrás. Mas Brasilino ignora tudo isso… e Brasilino é feliz!



Pouco depois, Brasilino encontra-se na Via Anchieta, dirigindo-se a São Paulo. Ao passar por Cubatão e ao ver a Refinaria Presidente Bernardes, põe-se a pensar: “Porcaria essa Petrobrás! Agora que a gasolina é nacional, custa cinco vezes mais.” — Sim, porque Brasilino não reflete que a gasolina custa, agora, muito mais, por um motivo muito simples: ao tempo em que a gasolina era importada, o dólar custava Cr$ 18,72 e, atualmente, para a importação de óleo bruto, custa Cr$ 200,00. — Não sabe, também, que o dólar está caro porque é escasso, e é escasso devido à procura, e a procura é muito grande, porque os dólares obtidos com a exportação brasileira mal dão para fazer face às remessas de royalties e dividendos do Capital Estrangeiro.



A irritação do nosso herói, contudo, logo desaparece, pois a algumas centenas de metros à frente, Brasilino vê surgirem os dutos da Light e uma grande tabuleta com os seguintes dizeres: Light and Power, a maior usina hidrelétrica da América do Sul — 1.200.000 KW — Aí, Brasilino exulta e monologa com entusiasmo — “Isto sim! A Light! A Light! A Light que fez a grandeza de São Paulo.” Sim, porque Brasilino confunde Light com Energia. Ele não sabe que o que fez a grandeza de São Paulo não foi a Cia. Light e sim a Energia e que, se a Energia não pertencesse à Light, São Paulo seria dez vezes maior, ou o Brasil dez vezes menos miserável.



O interessante é que Brasilino nunca perguntou, a si mesmo, o que seria da Inglaterra se não existissem as Lights pelo mundo.



Brasilino prossegue a viagem e, logo mais, atinge o altiplano, onde vê descortinar- se o panorama grandioso do progresso industrial, que ele julga ser do Brasil: “Volkswagen do Brasil”; “Mercedes Benz do Brasil”; “Willys Overland do Brasil”; “General Motors do Brasil”; “Rolls Royce do Brasil”; “Cia. Brasileira de Peças de Automóveis”; “Simca do Brasil”; “Plásticos do Brasil” e inúmeras outras “do Brasil” e “brasileiras”, mas todas elas estrangeiras.



Brasilino, afinal, chega a São Paulo. Estaciona o seu carro em uma das ruas do centro e, a pé, alcança a Rua Líbero Badaró, para concluir um negócio. Brasilino recorda-se de que Líbero Badaró foi um homem que, ao ser assassinado, exclamou: “Morre um liberal, mas não morre a Liberdade!” E Brasilino conclui: “Que sujeito burro! Que interessa a Liberdade para um homem que já morreu!?”



Enquanto assim pensa, Brasilino chega aos escritórios da “Crescinco, Cia. de Investimentos” , pertencente ao Sr. Rockefeller. Brasilino sente-se orgulhoso de emprestar o seu dinheiro a um dos homens mais ricos do mundo, mas que, para financiar as suas indústrias, prefere usar o dinheiro dos próprios brasileiros, atraindo-os com a vantagem de juros de 2% ao mês e livre de imposto de renda. Brasilino não sabe que, entre o dia em que ele entregou o dinheiro e o dia em que esse mesmo dinheiro lhe foi devolvido, a desvalorização da moeda foi de 4% ao mês e, assim, ele está menos rico, pois esse juro e mais os lucros da Cia. Investidora terão, forçosamente, de ser acrescentados ao custo das utilidades, saindo, consequentemente, da própria pele do Brasilino. Mas Brasilino não sabe disso e recebe o seu dinheiro e os juros, feliz!



Liquidado o negócio, Brasilino vai almoçar. — Entra num restaurante onde lhe é servido, como antepasto: frios da “Armour do Brasil”, que é americana, Margarina “ClayBon”, de “Anderson Clayton” que é americana, toma uma “Coca-Cola” e saboreia um prato de massa, preparado com farinha do “Moinho Paulista”, que é inglês, e, depois, come um filé com fritas, cuja carne foi fornecida pelo “Frigorífico Wilson” e as batatas foram fritas com óleo “Mazola”, da “Refinações de Milho Brazil” (Brazil com Z). Como sobremesa, comeu um pudim feito com “Maizena Duryea” também da “Refinações de Milho Brazil” e, assim, até para comer, Brasilino tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro. Após o almoço, Brasilino passeia pela cidade, a fim de fazer hora para o cinema, gastando a sola do sapato com saltos de borracha “Good Year”, pagando, até para andar, dividendos ao Capital Estrangeiro.



Brasilino entra no Cine Metro, onde passa a tarde, deliciando-se com um filme, que é americano e, para passar algumas horas distraídas, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro. Ao sair do Cinema, Brasilino sente uma leve indisposição; entra numa farmácia e toma um “Alka-Seltzer” . E, assim, até para prevenir uma indigestão, Brasilino precisa pagar dividendos ao Capital Estrangeiro.



Toma novamente o seu carro e volta para Santos. Chegando à casa, faz novamente a sua toilette, liga o rádio de cabeceira, marca “G.E.” da “General Electric do Brasil”, e deita-se sobre um colchão de espuma de borracha “Foamex” da “Firestone do Brasil” e repousa a cabeça, sobre um travesseiro do mesmo material, dormindo, feliz, o sono da inocência.



Não sei porque, mas a história do Brasilino traz sempre, à mente, aquelas magníficas palavras do Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os pobres de espírito porque será deles o reino dos céus.”



Mas uma coisa jamais será do Brasilino: o reino em sua própria terra.



Por isso, leitor, se alguém lhe disser que não existe imperialismo econômico, no Brasil, é porque está enganado, ou porque está enganando você.



Santos, outono de 1961 



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sexta-feira, 16 de março de 2012

Louk Hulsman


“Se afasto do meu jardim os obstáculos que impedem o sol e a água de fertilizar a terra, logo surgirão plantas de cuja existência eu sequer suspeitava. Da mesma forma, o desaparecimento do sistema punitivo estatal abrirá, num convívio mais sadio e mais dinâmico, os caminhos de uma nova justiça.”


Do saudoso Louk Hulsman


http://www.loukhulsman.org/ 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Por uma sociedade sem exploração!





Neste dia 8 de março posto uma foto tirada no dia da Vitória da Revolução Sandista.




E aproveito para lembrar que a comemoração deste dia tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Tal ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos EUA e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.



Mais do que um dia especial, dia 8 de março é um dia de reafirmar a luta por uma sociedade sem exploração, seja ela de gênero, raça ou cor!


8]

Dedico o post a todas as mulheres da minha vida, em especial a minha prima Niara que hoje completa 8 anos de idade! Um duplo parabéns guria! 


segunda-feira, 5 de março de 2012

Bem vindo a Caverna, aconchegue-se!

Trecho do documentário Janela da Alma (2001) em que José Saramago fala sobre o Mito da Caverna de Platão em nossa contemporaneidade.



"A maioria das imagens que nós vemos não nos tenta falar algo, elas tentam nos vender algo"


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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Salve-se quem puder: 2012 ae vamos noses...

Com o ano de 2011 já entrando nos momentos de saudosas (ou nem tanto!) retrospectivas, está na hora de fazermos planos para o "ano que vai nascer..."

Com a aprovação do aumento do mínimo para R$ 622,00 já para janeiro, 2012 chega com a idéia "de mais dinheiro no bolso" para 47 milhões de brasileiros!

Independente se você é ou não beneficiário dessa bolada de dinheiro (só que não!), aposto que a sua lista (ou listona) para os próximos 365 dias vai bem mais longe... Talvez ela, assim como a minha, contenha coisas a mudar, coisas a fazer, coisas a parar de fazer, coisas possíveis e quiça uma ou outra impossível pra animar os dias de tédio, ...


E caso esteja sem muita paciência ou coragem pra pensar numa lista pode achar uma pra chamar de sua dentre as promessas mais feitas nessa época do ano: perder peso, ser feliz, economizar, conseguir um emprego, ler mais, arranjar alguém, deixar de fumar, visitar a família, estudar mais, aprender a tocar algum instrumento, terminar a faculdade, ser alguém bem sucedido, aprender um novo idioma, viajar, parar de roer unha, entrar numa academia ... etc e tal...
Ahh e se depois de pronta essa tua lista ae mais parecer um Ctrl-C/Ctrl-V dos últimos três anos (auheuaheueh)


NÃO SE DESEPERE!!!


  Afinal você tem mais um ano inteirinho pra tentar DE NOVO ...
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Pois bem, se até aqui parece que nada mudou, ou seja, que a vida continua na mais perfeita harmonia, você fazendo planos aonde vai entortar o caneco passar as festas e depois o que fazer com o resto dos dias de 2012, ledo engano!
Daqui pra tudo vai ser diferente e o ano novo reserva uma surpresa pra você: Este será o último ano de nossas vidas!, ao menos é o que profetizam algumas pessoas. 

Como é o caso daqueles que acreditam na profecia do calendário Maia: "o solstício de 21/12/2012 marca o encerramento do 13º e último ciclo da medição feita pela extinta civilização mexicana. Ou seja, os nossos dias no planeta acabam aí. Depois disso, o oblívio" (Revista Galileu).

Claro que do ponto de vista da ciência esse granfinale será adiado um pouquinho, para exatos (!!!) 5 bilhões de anos, nesta ocasião o Sol atingirá um tamanho 250 vezes maior que o atual, engolindo a Terra.
Como nada acontece do dia pra noite os efeitos desse processo já poderão ser observados daqui um bilhão de anos provavelmente.


Agora se você ultimamente não está acreditando nem em papai noel o melhor mesmo é focar no ponto inicial: os nossos próximos 365 dias! ...
E nesse caso acredito que podemos por um ponto final nessa conversa ficando com uma certeza: "no amanhã repousa a incerteza!"
De todo modo hoje estamos vivos ("só não morre antes de terminar a leitura diacho"!?!) e por hora isso é tudo que nos basta!

E se 2012 for realmente o último ano de nossas vidas o melhor que temos a fazer é nos divertir e aproveitá-lo da melhor maneira!

Então, aproveito para desejar a tod@s um ano cheio de coisas boas!
Que 2012 seja realmente um ano inesquecível!
E de quebra muitoooo melhor!!!

8]

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Dialeticamente falando: Quem te viu, quem te vê!

"Não tomarás banho duas vezes no mesmo rio" sentenciou Heráclito.
Não apenas as coisas mudam, mas nós mudamos!

Será?!
 
Heráclito foi um dos mais radicias dialéticos da Grécia Antiga ao enunciar a não estabilidade do seres humanos. 
Para ele somos radicalmente mutáveis.

Mas se tudo muda, o que permanece?!
Parmênides, seu conterrâneo, diria em resposta que mesmo que tudo mude, a essência permanece, ou seja, nossas mudanças são produzidas superficialmente.

E foi nesse debate do que é ou não mutável no humanos que fomos construindo nossas concepções sobre o homem e o mundo a sua volta.

Não sei pra vocês, mas esse tema sempre me instigou boas reflexões...
Ótimas pedidas para um final de tarde numa mesa de bar com os amigos...

Afinal, tudo muda ou algo permanece?!?

Eu tenho um palpite: quem te viu, quem te vê!?


8]

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Para o compa Regis Martins

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Num tempo muito muito distante, quando tínhamos saudades dos amigos, escrevíamos cartas.
Eu mesmo fui um desses...

Pegava um pedaço de papel, caneta e com algumas idéias iniciávamos assim...



Oi fulano,

Espero que quando esta carta chegar em suas mãos encontre todos bem... 

(...)
pois bem,

Com envolope fechado e selado, aguardavámos o trabalho dos correios que com a distância podia se demorar mais ou menos dias...

Mais algum tempo de espera e eis a reposta (ou não!).
Esse tempo variava conforme a empolgação do destinatário para remeter a resposta, o que dependia necessariamente de uma série de outros fatores!

No fim, e com a resposta em mãos, iniciava-se o ciclo novamente e assim seguiamos!

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Pois bem, o tempo passou e mesmo o selo para as cartas de pessoas físicas para pessoas físicas custando ainda - símbolicos - R$ 0,01 centavos de real, ninguém (ou quase ninguém!!!) escreve cartas hoje em dia... 
Em verdade postamos mensagens no FB, ou dedicamos um post em nosso blog ao amigo destinatário! 

Bom também, diga-se de passagem! 
Comunicação mesmo em tempos express, ainda servem para reforçar os laços e dizer para aqueles de quem sentimos saudades que eles são especiais!

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Regis esse é pra você brow... saudades da sua pessoa!

"Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis,
alto de mtos metros e velho de infinitos minutos,
em que todos se debruçavam
na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.

Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes
e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos.
Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava
que rebentava daquelas páginas".
 
(os mortos de sobrecassaca - Carlos Drummond de Andrade)

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Felizmente algumas coisas nem os vermes conseguem roer! 

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Com carinho,

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Negro Drama

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"Vc deve tá pensando o q vc tem a ver com isso?!?
Desde o início por ouro e prata olha quem morre,
Então veja vc quem mata,
...me vê, pobre, preso ou morto,
Já é cultural, Histórias, registros,
Escritos, Não é conto, Nem fabula,
Lenda ou mito, Não foi sempre dito,
Q preto não tem vez, Então olha o castelo e não,
Foi você quem fez!?" 
(NEGRO DRAMA - RACIONAIS MC'S)
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Até quando vamos perpetuar um sistema político e social que segrega segmentos populacionais pela sua cor de pele e etnia?!?
#NÃO!
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8/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A todas as comunidades

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Caco Barcellos no programa Provocações...

O papo gira em torno da mídia, violência urbana, corrupção e mais um monte de provocações a respeito do nosso Brasil varonil!

Vale um clique!



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Do dia: "É, eu moro lá, eu moro lá..." (O Rappa)

8]

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O tempo presente e/ou Let's do it

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Qual o sentido da vida?
Qual o ideal da felicidade?
E o ontem foi melhor que o hoje?

São com algumas dessas questões que o diretor Woody Allen brinca no seu último filme Midnight in Paris.
E para mim foi genial. O filme é uma delícia!
Allen brinca com o roteiro, não se leva muito a sério e coloca os artistas históricos em situações cotidianas, envoltos em enlaces amorosos confusos, discutindo questões em mesa de bar, que hoje tratamos com um grande rigor científico.
Confira o filme e me diga o que achou...

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Eu saí do cinema com uma sensação gostosa de tempo presente...

E com a ideia de que muitas vezes nos preocupamos muito com as coisas que temos que fazer, ser, conquistar... Ou com as que não fizemos, não fomos, ou não conquistamos...
E nos esquecemos do tempo presente, do agora e da possibilidade presente (incrustada) no cotidiano!

É fato que muitas vezes quando voltamos para a realidade cotidiana é para vivê-la apenas em seu lado mais imediatista e fugaz ... Felizmente o presente não é feito apenas de imediaticidade...

Ouço vozes dizendo que há um tempo atrás a vida era melhor, as pessoas eram mais simpáticas, que viver era bem mais gostoso... as formas de organizarmos a vida era outra, isso é fato, mas o que a caracterizava como boa ou ruim, também não está presente, de certa forma no presente?!?

N-O-S-T-A-L-G-I-A... Pois é...

O companheiro Woody me fez pensar sobre isso, e me fez pensar sobre:
O que seria o tempo presente?
Como estar conectado com este agora, sem negar a historicidade que carregamos?

Acho que dessas questões podemos extrair outras, mas neste restrito post me permito dizer que a maior delas para mim hoje é: o que seria viver o presente?!?
Num mundo que valoriza justamente a imediaticidade e "vamos fazer hoje proque amanhã pode ser tarde!?!". O que essa determinação nos acarreta?!?

oO

Como não podia deixar de ser estas reflexões são apropriadamente inconclusas... hehehe
E por hora melhor que seja assim!
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Do dia: "Façamos também!"

Em tempo: Aos amigos, os próximos, distantes, de sempre, de antes, de hoje, para sempre, a todos vocês, meu eterno carinho e amizade!