segunda-feira, 26 de março de 2012

Ela se foi...

Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Com ela
E ela se foi
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi ...




8]

quinta-feira, 22 de março de 2012

Imperialismo nosso de cada dia!

"Há um tempo atrás se falava em progresso
Há um tempo atrás eu via televisão!" (Nação Zumbi)

É incrível como algumas coisas persistem com o tempo... digo isso a exemplo do texto que posto hoje!
Publicado inicialmente em 1961 na forma de panfleto, tinha como objetivo desmentir a mídia falaciosa e seus aliados que propagavam aos quatro ventos a soberania nacional dizendo que o Brasil estava longe dos domínios imperialistas... 
Pois bem, 51 anos depois não raro ouvimos da mesma mídia o mesmo discurso falacioso... 
Com pouquíssimas  alterações, talvez no nome das empresas apenas,  (!!!) parece que acabou de ser escrito!

Enquanto isso... o imperialismo pega um pega geral!

________________ 

Um dia na vida de Brasilino 

Por Paulo Guilherme Martins 


"Não existe imperialismo no Brasil."

Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa



"Essa história de imperialismo não passa de invenção de falsos nacionalistas que pretendem impedir o progresso da nação."

De O Estado de São Paulo



Não sei se você conhece o Brasilino!? Mas isso não importa…



Brasilino — é um homem qualquer, que mora num apartamento qualquer, numa cidade qualquer… Situemo-lo em Santos, por exemplo.



Brasilino, como todo o bom burguês, começa o dia acordando; sim, porque o operário, este, levanta-se ainda dormindo a fim de chegar a tempo ao serviço.



Brasilino acorda e aperta o botão da campainha à cabeceira da cama, campainha essa que soa na copa; porém soa, consumindo energia — energia que é da Light, e, assim, o Brasilino inicia o seu dia pagando dividendos ao Capital Estrangeiro. Mas Brasilino não pensa nisso e começa o seu dia, feliz!



Abre-se a porta. É Marta, a criada, que entra com o café da manhã: café, leite, pão, manteiga, um pouco de geléia e o jornal — “O Estado de São Paulo”. — Brasilino, como todo o bom burguês, lê somente a boa imprensa — a chamada sadia. 



Enquanto lê as notícias, toma a sua primeira refeição. Brasilino não sabe que o leite, que bebe, é originário de uma vaca que foi alimentada com farelo Refinazil, da “Refinações de Milho do Brazil” (Brasil com Z), que é americana, e que a farinha com a qual foi feito o pão é originária do “Moinho Santista”, que não é santista e sim inglês. Assim, para tomar o seu café da manhã, Brasilino tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro. Mas, Brasilino nem sabe disso… e toma o seu café, bem feliz!



Terminado o café, Brasilino acende o seu primeiro cigarro: Minister, ou Hollywood, um desses da “Cia. Souza Cruz”, que não é do Sr. Souza e muito menos do Sr. Cruz, mas, sim, da “British, American Tobacco Co.”, o trust anglo-americano do fumo. E assim, para fumar seu cigarrinho, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro. Mas Brasilino nem pensa nisso e saboreia seu cigarrinho, feliz… feliz…



Em seguida, Brasilino vai ao quarto de banho, fazer a sua toilette: acende o aquecedor de gás — gás que é da City e, portanto, do grupo Light, e, enquanto a água aquece, toma da escova de dentes, marca “Tek”, da “Johnson & Johnson do Brasil” (que é americana), e da pasta dentifrícia “Kolynos”, com clorofila, da “Whitehall Laboratories of New York” e, assim, para escovar os dentes, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro. ..



Mas Brasilino nem pensa nisso…



Brasilino não sabe bem o que é clorofila e está certo de que, quando entrou na farmácia e escolheu essa pasta, o fez livremente; ignora que sua vontade foi condicionada pelas custosas campanhas de promoção de vendas, feitas através da imprensa, do rádio e da televisão e que, da mesma forma como ele escolhe sua pasta de dentes, escolhe, também, o seu candidato à Presidência da República.



Em seguida, Brasilino vai fazer a barba: toma do pincel, feito com fios de Nylon, da “Rhodia” — que é francesa — enche-o com creme de barbear “Williams”, que é americano. Ensaboado o rosto, Brasilino toma seu aparelho “Gillette”, munido com lâminas “Gillette”, ambos da “Gillette Safety Razor do Brazil”, e, feliz, vai raspando a face, pois nem pensa que, para fazer sua barba, tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro. ..



Terminada a barba, Brasilino entra no banheiro, envolvendo o corpo com a espuma acariciadora de um desses sabonetes, “Lever” ou “Palmolive”, um desses cuja espuma acaricia o corpo de 9, entre 10 estrelas de Hollywood. E assim, até para tomar seu banho, Brasilino tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro.



Após o banho, Brasilino enxuga-se com uma toalha felpuda da “Fiação da Lapa”, que também não é da Lapa porque é Suíça e, a seguir, passa pelo corpo talco “Johnson”, da “Johnson & Johnson do Brasil”.



E… começa a vestir-se.



Acontece, então, uma tragédia! Cai um botão da camisa do Brasilino. Ele toca novamente a campainha, e Marta corre a socorrer o nosso herói, munindo-se de agulha e linha. Dentro de poucos instantes, ao ver Marta cortar a linha com os dentes, depois de preso o botão, Brasilino sente-se novamente feliz. Feliz porque ele não sabe que Marta, a criada, para pregar o botão, usou a linha marca “Corrente” da “Cia. Brasileira de Linhas para Coser”, que é inglesa e que, até para pregar um botão, Brasilino tem de pagar dividendos ao Capital Estrangeiro.



Já vestido, Brasilino despede-se de Marta, avisando que não virá almoçar nem jantar, pois irá a São Paulo, a negócios… — Sai, bate a porta, toma o elevador, que é “Schindler”, da “Schindler do Brasil”, que é suíça, e movido por força fornecida pela Light, chega ao pavimento térreo. Dá bom dia ao zelador e toma o seu automóvel “Volkswagen”, fabricado pela “Volkswagen do Brasil”, que é alemã, rodando sobre pneus “Firestone”, da “Firestone do Brasil”, que é americana, acionado por gasolina refinada pela “Petrobrás”, mas distribuída pela “Esso Standard do Brasil”, que é americana. Até para usar a gasolina, refinada pela Petrobrás, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro! Ele não sabe que os brasileiros têm capacidade para refinar o petróleo e produzir a gasolina, mas não a têm para a “difícil” tarefa de distribuí-la e que, para esse serviço — a simples distribuição — as companhias distribuidoras (Esso-Shell- Gulf-Texaco etc.) ganham muito mais que a Petrobrás. Mas Brasilino ignora tudo isso… e Brasilino é feliz!



Pouco depois, Brasilino encontra-se na Via Anchieta, dirigindo-se a São Paulo. Ao passar por Cubatão e ao ver a Refinaria Presidente Bernardes, põe-se a pensar: “Porcaria essa Petrobrás! Agora que a gasolina é nacional, custa cinco vezes mais.” — Sim, porque Brasilino não reflete que a gasolina custa, agora, muito mais, por um motivo muito simples: ao tempo em que a gasolina era importada, o dólar custava Cr$ 18,72 e, atualmente, para a importação de óleo bruto, custa Cr$ 200,00. — Não sabe, também, que o dólar está caro porque é escasso, e é escasso devido à procura, e a procura é muito grande, porque os dólares obtidos com a exportação brasileira mal dão para fazer face às remessas de royalties e dividendos do Capital Estrangeiro.



A irritação do nosso herói, contudo, logo desaparece, pois a algumas centenas de metros à frente, Brasilino vê surgirem os dutos da Light e uma grande tabuleta com os seguintes dizeres: Light and Power, a maior usina hidrelétrica da América do Sul — 1.200.000 KW — Aí, Brasilino exulta e monologa com entusiasmo — “Isto sim! A Light! A Light! A Light que fez a grandeza de São Paulo.” Sim, porque Brasilino confunde Light com Energia. Ele não sabe que o que fez a grandeza de São Paulo não foi a Cia. Light e sim a Energia e que, se a Energia não pertencesse à Light, São Paulo seria dez vezes maior, ou o Brasil dez vezes menos miserável.



O interessante é que Brasilino nunca perguntou, a si mesmo, o que seria da Inglaterra se não existissem as Lights pelo mundo.



Brasilino prossegue a viagem e, logo mais, atinge o altiplano, onde vê descortinar- se o panorama grandioso do progresso industrial, que ele julga ser do Brasil: “Volkswagen do Brasil”; “Mercedes Benz do Brasil”; “Willys Overland do Brasil”; “General Motors do Brasil”; “Rolls Royce do Brasil”; “Cia. Brasileira de Peças de Automóveis”; “Simca do Brasil”; “Plásticos do Brasil” e inúmeras outras “do Brasil” e “brasileiras”, mas todas elas estrangeiras.



Brasilino, afinal, chega a São Paulo. Estaciona o seu carro em uma das ruas do centro e, a pé, alcança a Rua Líbero Badaró, para concluir um negócio. Brasilino recorda-se de que Líbero Badaró foi um homem que, ao ser assassinado, exclamou: “Morre um liberal, mas não morre a Liberdade!” E Brasilino conclui: “Que sujeito burro! Que interessa a Liberdade para um homem que já morreu!?”



Enquanto assim pensa, Brasilino chega aos escritórios da “Crescinco, Cia. de Investimentos” , pertencente ao Sr. Rockefeller. Brasilino sente-se orgulhoso de emprestar o seu dinheiro a um dos homens mais ricos do mundo, mas que, para financiar as suas indústrias, prefere usar o dinheiro dos próprios brasileiros, atraindo-os com a vantagem de juros de 2% ao mês e livre de imposto de renda. Brasilino não sabe que, entre o dia em que ele entregou o dinheiro e o dia em que esse mesmo dinheiro lhe foi devolvido, a desvalorização da moeda foi de 4% ao mês e, assim, ele está menos rico, pois esse juro e mais os lucros da Cia. Investidora terão, forçosamente, de ser acrescentados ao custo das utilidades, saindo, consequentemente, da própria pele do Brasilino. Mas Brasilino não sabe disso e recebe o seu dinheiro e os juros, feliz!



Liquidado o negócio, Brasilino vai almoçar. — Entra num restaurante onde lhe é servido, como antepasto: frios da “Armour do Brasil”, que é americana, Margarina “ClayBon”, de “Anderson Clayton” que é americana, toma uma “Coca-Cola” e saboreia um prato de massa, preparado com farinha do “Moinho Paulista”, que é inglês, e, depois, come um filé com fritas, cuja carne foi fornecida pelo “Frigorífico Wilson” e as batatas foram fritas com óleo “Mazola”, da “Refinações de Milho Brazil” (Brazil com Z). Como sobremesa, comeu um pudim feito com “Maizena Duryea” também da “Refinações de Milho Brazil” e, assim, até para comer, Brasilino tem que pagar dividendos ao Capital Estrangeiro. Após o almoço, Brasilino passeia pela cidade, a fim de fazer hora para o cinema, gastando a sola do sapato com saltos de borracha “Good Year”, pagando, até para andar, dividendos ao Capital Estrangeiro.



Brasilino entra no Cine Metro, onde passa a tarde, deliciando-se com um filme, que é americano e, para passar algumas horas distraídas, Brasilino paga dividendos ao Capital Estrangeiro. Ao sair do Cinema, Brasilino sente uma leve indisposição; entra numa farmácia e toma um “Alka-Seltzer” . E, assim, até para prevenir uma indigestão, Brasilino precisa pagar dividendos ao Capital Estrangeiro.



Toma novamente o seu carro e volta para Santos. Chegando à casa, faz novamente a sua toilette, liga o rádio de cabeceira, marca “G.E.” da “General Electric do Brasil”, e deita-se sobre um colchão de espuma de borracha “Foamex” da “Firestone do Brasil” e repousa a cabeça, sobre um travesseiro do mesmo material, dormindo, feliz, o sono da inocência.



Não sei porque, mas a história do Brasilino traz sempre, à mente, aquelas magníficas palavras do Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os pobres de espírito porque será deles o reino dos céus.”



Mas uma coisa jamais será do Brasilino: o reino em sua própria terra.



Por isso, leitor, se alguém lhe disser que não existe imperialismo econômico, no Brasil, é porque está enganado, ou porque está enganando você.



Santos, outono de 1961 



_______________



8]

terça-feira, 20 de março de 2012

Vogue

Em 20 de março de 1990 Madonna lançava esse som que se tornaria um símbolo na sua carreira.
E para comemorar essa data relembro algumas versões dessa que para mim é uma das melhores canções da rainha do pop!


Para mais informações deixo o link da wiki que trás uma série de curiosidades sobre a canção: >>>VAIII!<<<

Strike a pose!

________

O original!



_________

Para MTV



___________

Em 1993 na turnê Girlie Show



______


Em Portugal na turnê Re-Invention - 2004



____

Na turnê Sticky & Sweet em 2008




_______________

Em 2012 no SuperBowl



___________

Overdose?! >> Strike a pose!

8]

sexta-feira, 16 de março de 2012

Louk Hulsman


“Se afasto do meu jardim os obstáculos que impedem o sol e a água de fertilizar a terra, logo surgirão plantas de cuja existência eu sequer suspeitava. Da mesma forma, o desaparecimento do sistema punitivo estatal abrirá, num convívio mais sadio e mais dinâmico, os caminhos de uma nova justiça.”


Do saudoso Louk Hulsman


http://www.loukhulsman.org/ 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Genki-Dama

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu..." já cantava Chico!

Em dias assim costumo lembrar dos episódios da saudosa série Dragon Ball Z que tanto me entreteram!
Lembro da batalha dos guerreiros, em especial Goku, contra os seus inimigos.
E do meu golpe favorito: o Genki-Dama!

Os amantes da série sabem que este golpe só poderia ser executado por Goku e para isso ele necessitava juntar toda energia possível, oriunda das forças da natureza e enviada pelos humanos. Assim, ele pedia que todos da terra erguessem seus braços e enviassem suas energias para que ele executasse o golpe, reforçando a ideia de que a união coletividade "faz a força"!

Então se seus problemas muitas vezes parecem gigantes e as barreiras intransponíveis, talvez você esteja precisando olhar em volta e reconhecer outros que também partilham da mesma questão, afinal a transformação da realidade nunca será permanente apenas pela ação de uma única pessoa! 




____________


Filosofias baratas à parte, tudo isso foi pra criar o clima e compartilhar com vocês esse som de abertura da série Dragon Ball Z... heheheh
E, claro, matar a saudade!





8]


p.s. a empolgação do japa cantando é a melhor... heheheh

domingo, 11 de março de 2012

Que se iniciem os trabalhos

Para iniciar os trabalhos dessa semana convocamos o batuque da Nação Zumbi e Science!

Há um tempo atrás se falava de bandidos
Há um tempo atrás se falava em solução
Há um tempo atrás se falava e progresso
Há um tempo atrás que eu via televisão



E a pergunta que não quer calar:
"Porque no rio tem pato comendo lama?"

8]

quinta-feira, 8 de março de 2012

Por uma sociedade sem exploração!





Neste dia 8 de março posto uma foto tirada no dia da Vitória da Revolução Sandista.




E aproveito para lembrar que a comemoração deste dia tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Tal ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos EUA e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.



Mais do que um dia especial, dia 8 de março é um dia de reafirmar a luta por uma sociedade sem exploração, seja ela de gênero, raça ou cor!


8]

Dedico o post a todas as mulheres da minha vida, em especial a minha prima Niara que hoje completa 8 anos de idade! Um duplo parabéns guria! 


segunda-feira, 5 de março de 2012

Bem vindo a Caverna, aconchegue-se!

Trecho do documentário Janela da Alma (2001) em que José Saramago fala sobre o Mito da Caverna de Platão em nossa contemporaneidade.



"A maioria das imagens que nós vemos não nos tenta falar algo, elas tentam nos vender algo"


8]