quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quando o lixo vira arte, os catadores vão para o museu?!?


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Há alguns dias atrás comentei aqui num dos primeiros posts de 2011 uma cena que havia presenciado nas redondezas da minha quebrada, o fato era em relação à uma família que sobrevive da "coleta seletiva" e de "materias reciclados" encontrados pelas ruas da cidade ou doado por outros!

Para aqueles que desejam conhecer a história vale um clique >>>aqui<<<

Pois bem, gostaria de discutir novamente esse tema: Aqueles que vivem "reciclando" "coletando" "(re)aproveitando" o que a maioria dos mortais joga no lixo... agora com um viés no campo da arte.

Antes, porém, vamos aproveitar o post e dar uma olhada nos indicados ao "maior" prêmio do mundo cinematográfico...o Sr. Oscar... São eles: >>listinha bunita aqui<<

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Entre os indicados desse ano, no meio das "surpresas" e "decepções", estão o documentário politicamente correto baseado no trabalho do artísta plástico brasileiro Vik Muniz. O doc "Lixo Extraordinário" é uma parceria entre Brasil e Inglaterra (auheuaheu).
O longa apresenta o cotidiano dos trabalhadores do lixão do Jardim Gramacho, um dos maiores da América Latina, localizado na cidade de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro.
A idéia inicial é retratar o trabalho do próprio Muniz por meio dos materiais recolhidos pelos catadores. Cabe aqui uma resslava para o debate ecológico tão popular em nossos dias, o filme também passa por essas vias.
Mas é nas entrelinhas que ele toca num ponto relevante, ao menos pra mim: a finalidade da arte contemporânea.
Afinal, a arte tem uma finalidade? E qual seria seu papel em nossa sociedade?
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Num tempo em que tudo tem o seu apelo estético, o documentário salva-se pela tentativa de apresentar o mundo pelo olhar dos catadores...

No mais o que fica é um esforço de "vender" uma imagem de engajamento político com um alto apelo estético... como se os produtores buscassem politizar a arte, sem ao menos se questionarem o porquê tal ato seria importante no cotidiano daquelas pessoas.

O mais impressionante é o esforço de Muniz de tentar "iluminar" e "resignificar" a atividade laboral daqueles sujeitos do lixão, na busca por uma superação do cotidiano.
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Assistir esse doc me lembrou muito as ações realizadas pela classe média da zona sul do Rio em suas manifestações contra a violência urbana.
Um exemplo são as cruzes negras dipostas na praia de Copacabana ou os carrinhos de supermercados com supostas vítimas circulando nas calçadas do Leblon.
Ações como estas colocadas em prática por organizações não governamentais, a Rio de Paz neste exemplo, embora tenham um efeito midiático expressivo na imediaticidade, não rompem a barreira do clichê: a concessão da palavra e o olhar da benevolência dos ricos para com os pobres.

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De fato foi impossível terminar de assistir o documentário "Lixo extraordinário" e não se perguntar: Como será que essas pessoas continuam vivendo e trabalhando naquelas condições?!?!? \0/

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Talvez uma das exceções entre esses documentários que buscam engajamento político por meio da arte seja Estamira:

"
A minha missão além de ser a Estamira é revelar a verdade, somente a verdade, seja a mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara ou então ensinar, amostrar o que eles não sabem, os inocentes, não tem mais inocentes, não tem. Tem esperto ao contrário.
"
profetizava Estamira...

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Do dia: "Nós assistimos televisão também, qual é a diferença?" (Renato Russo)

8]

ps. To be continued...

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