Estive aqui pensando no por que adiamos tanto algumas coisas na vida. Por que às vezes sentamos na frente do PC e fazemos milhões de coisas, mas dificilmente conseguimos dar cabo àquilo para o qual fomos até lá.
Essa semana estou preparando um artigo para enviar à um congresso. E eis o dilema!
Tá talvez o problema seja o tema que eu escolhi. Talvez eu não tenha tanta leitura, talvez eu não consiga articular as idéias sob pressão e talvez o prazo aumente e eu tenha mais tempo.
Em verdade se pararmos para pensar sobre outras coisas do cotidiano veremos que muitos de nós protelamos (pra ficar um termo bonito) ou emburramos com a barriga (se optarmos pelo popular) as muitas questões que temos pendentes que vão desde aquela faxina no guarda -roupa cheio de tralas até ao término de um relacionamento.
Às vezes ainda nos enganamos pensando que com o fechar dos olhos, ou com o passar dos dias as coisas se resolverão (o prazo para envio será ampliado, um dia terei um guarda-roupa autorganizavél, ... e por aí vai!).
A idéia de que o "tempo resolve" talvez seja apenas meia verdade. Com o tempo as coisas podem perder o brilho e, talvez, a importância no baú do esquecimento, o que pode nos dar a idéia de solução, mas no fundo adiamos. E aí reside a outra parte da história, ao adiarmos o que está pedente também adiamos o que está por vir. Sabe aquela idéia de que "só abrimos uma porta quando fechamos outra"? É meio essa a lógica.
Tudo bem que não podemos solucionar todos as questões ao nosso tempo, mas observem essa divisão valorativa dos "problemas": Qdo eu era criança frequentava uma religião evangélica e em um desses sermões o responsável pelo culto disse uma "fórmula" que ficou gravada na minha memória.
Há 3 tipos de problemas, dizia ele, e esses são os responsáveis por todo tipo de ansiedade.
1 - Aqueles que só depende de você e é o momento de resolver.
2 - Aqueles que só depende de você, mas ainda não é o momento de resolver.
3 - Aqueles que não depende de você e nem é o momento de resolver.
Ele conclui dizendo que na maioria das vezes nos fixamos na resolução do terceiro tipo de problema, ou seja, desperdiçamos nossa energia nos pre-ocupando com questões que estão longe do nosso alcance ao invés de nos concentrarmos nas que nos competem hoje.
Pois bem, dificíl nessa análise é descobrir as razões pelas quais adiamos e deixamos o hoje para depois.
Sinalizo duas que ao meu ver se mesclam:
*Medo de errar/arrepender-se/equivocar-se: por mais saudável que seja sentir medo, ele tem a função de paralisar nossas ações, e vem sempre acompanhado das perguntas: Será que eu consigo? Como vou começar? Será que vai ficar bom?
*Erro de dimensionamento: Muitas vezes aumentamos e suprevalorizamos o problema, um texto de 10 páginas ganha o status de um TCC, quiça de dissertação; "a coisa" (pra não dizer o mostro!) parece ser tão grande que merece toda uma preparação prévia para enfrentá-lo. Com tanta preparação desistimos antes mesmo de começar.
Talvez a solução seja dar o primeiro passo e aventurar-se. Imprevisivelmente.
Drummond no livro "Um EU todo retorcido" nos exorta que só "é lutador aquele que luta consigo mesmo". Com todo seu carinho e ternura Drummond sabia dos perigos existentes em cristalizarmos da certeza dos sábios, em fecharnos sobre nossas vontades, presos em nossas verdades. Ele não estava apenas dizendo que vez por outra deveríamos nos contrariar, sermos o "não-ser", sair do nosso bem estar, mas também que essa luta nos tornaria mestres (exímios lutadores!!!).
A negação do ser (não-ser) nos transformaria em um outro ser, e essa seria dialeticamente a nossa luta. A eterna aventura de viver!
No mesmo poema Drummond confessa: "E cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais. No mesmo ventre o escuro inicial, na mesma terra o silêncio global".
Se é assim, o melhor é voltar ao texto do CBAS.
Aliás, devaneios pra que te quero?!?!
8]
Bem verdade isso de esperar que o tempo resolva as coisas, experiência própria.. Aliás, quem não tem experiência com isso, né?! auahua
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