Depois de quase um
ano sem dar às caras por aqui, resolvi postar uma reflexão sobre o natal. A inspiração
nasceu depois da comilança da ceia e da enxurradas de felicitaciones partilhadas
aqui e acolá. Não sou contra momentos festivos e acredito que muitas pessoas
realmente adotam a data para uma reflexão espiritual sobre a vida e suas ações
e planejam que elas tenham de fato efeito ao longo dos outros dias do ano.
Não vou falar aqui
sobre a utilidade da data para a mola da economia, essa impulsividade para a
compra, a urgência em presentar as pessoas próximas (ou nem tanto assim), comprar, comprar, comprar e a
necessidade de estar bem vestido, bonito e sempre feliz.
Também minha
reflexão não pretende discutir o voluntariado que aflora nesses dias, às ações
que ironicamente presenteiam as crianças das favelas e os moradores de rua para
daqui há alguns dias os expulsarem das praias ou de qualquer outro lugar em que
eles incomodem pela simples presença. Meu texto não pretende tratar dessa esquizofrenia
hipócrita nossa de todos os dias.
O objetivo também
não é falar do processo de subjetivação que nos apresentam desde criança a
figura de um senhor de barba, vestido com uma roupa pesada vermelha, andando num
treno sobre a neve, entrando pelas chaminés das lareiras em noites com neve e
frio. Por sorte a gente não se engana
mais com essas representações e nem as reproduzimos (ou sim?!?). Até porque, com todo esse
calor de dezembro..., puts, nossos problemas são mesmo com as chuvas torrenciais... E aí, por acaso esse
tal velhinho anda de barco?!?
Também não gostaria
de falar sobre a data em si: 25 de dezembro. Sabemos
que este dia, entre outras coisas, era destinado à comemoração do nascimento anual do deus Sol no
solstício de inverno, que passa a ser adaptado a partir do século três d.C. pela igreja
católica como uma forma de atrair os povos “pagãos” dominados pelo Império
Romano às novas formas de adoração. Foi desde então que a data passou a representar o nascimento de uma outra
figura importante, Jesus. Deixando de ser uma data “pagã” para ser “sacra”. Se
bem que hoje já nem discutimos o que representou incorporar tal dia no calendário cristão para a igreja católica no sentido de propagação dessa religiosidade. Funcionou?! Então está valendo.
E tampouco nos preocupam os dados geográficos e meteorológicos que afirmam que o mês judaico de
Kislev (correspondente ao final de novembro até meados de dezembro no nosso
calendário) é um período frio e chuvoso na possível localidade do nascimento de
Jesus. É difícil pensar que num período assim teríamos a presença dos “pastores
nos campos cuidando das ovelhas” ou mesmo a longa jornada dos “reis magos” guiados
por uma estrela no céu, carregados com presentes.
...
Enfim, meu texto
não é sobre as coisas que já sabemos. Toda essa divagação parte e termina numa
questão: Por que ainda continuamos coletivamente reproduzindo o natal e suas
representações sem ao menos nos perguntar por suas origens ou significados? Por que
essa “verdade” tanto nos satisfaz? Esta aí o "x" da questão...
Talvez algo nisso
tudo me pareça verdadeiro: a vontade que temos em (com)partilhar coisas boas com
os que estão a nossa volta! E se assim o for, parafraseando um amigo, “aproveito
para deixar o meu desejo de uma sociedade mais consciente, mais igualitária”,
mais livre e que estes sentimentos que hoje muitos professam possam “ser presentes nos outros 364
dias do ano”!
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Do dia: "Pipoco no céu, nem sempre é festa"
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Do dia: "Pipoco no céu, nem sempre é festa"
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